Fonte: Estadão
Gene Simmons, baixista e vocalista do KISS, é um herói do rock com a língua solta. Nos dois sentidos. Fala bastante e mostra ainda mais a língua. Aos 59 anos o mais famoso linguarudo da musica concedeu esta entrevista na tarde de segunda-feira sobre a nova turnê da banda no Brasil. Dez anos depois de sua última passagem pelo pais (quando tocou para 40 mil em Interlagos) o grupo retorna com a turnê Alive/35 ao país. Toca para 30 mil pessoas no dia 7 de abril, as 21:30 horas, na Arena Anhembi, em São Paulo (no dia 08 é a vez da praça da Apoteose no Rio). Os ingressos custam R$170 (pista) e R$350(vip), a venda na ticketmaster.com
Confira a entrevista:
O Kiss vem sem Ace Frehley e Peter Criss, metade da formação original. Esse ainda é o KISS?
Quando éramos jovens, achávamos que uma banda nunca poderia se separar senão ela perderia sua alma. Depois, a gente vê que isso não é verdade. Ringo Star não era da formação original dos Beatles. Vários membros dos Stones saíram da banda, e os Stones não acabaram com a saída de Brian Jones. O Van Halen não acabou sem David Lee Roth. Quase todas as grandes bandas tem formações diferentes de quando começaram. Uma banda é como um time de futebol, não é só um jogador. Quando o time perde, todos perdem. Nós agora temos a responsabilidade de dar à banda a pegada de sempre, manter o espírito do Rock n’ Roll
Desde os anos 70, vocês se mantêm no topo, com legiões de fãs em todo o mundo. Qual é o segredo desta longevidade?
A única coisa que nunca muda, para mim, é que nós buscamos atender às expectativas dos fãs. Não se trata apenas de cantar músicas, mas de cantá-las, como se fosse a primeira e a ultima vez. Nós sabemos do sacrifício de comprar um ticket, esperar com ansiedade o show preferido, espremer-se entre a multidão, porque um dia nós também fomos fãs. Então, damos a eles, nosso melhor, é o que chamamos de extravagância ao vivo.
Há uma lenda urbana aqui no Brasil que conta o seguinte: Nos anos 70 vocês estiveram no México e viram o show de uma banda brasileira chamada Secos & Molhados, dali copiaram a idéia de se apresentar com maquiagem pesada, mascarados.
Conheço essa lenda. Já ouvimos falar desta história. Não é verdade. Muitas pessoas acreditam nisso, mas também há muitas pessoas que acreditam em discos voadores, não?
O Kiss está trabalhando em um novo CD, quando sai?
Sim, vamos lançar um álbum com 12 ou 15 músicas inéditas. Já gravamos vocais e guitarras para quatro delas. Devemos concluir o álbum em julho e lançá-lo em setembro. Eu posso definir o álbum da seguinte forma: é um disco “rock and roll-over”, com uma sonoridade mid-seventies, veloz, pesado. Não haverá nenhum rap, nenhuma música country. É o som clássico do Kiss!
Como vê as mudanças no mercado musical?
Algo tem de mudar, Ter algo de graça, para mim, é roubo. Nós não fazemos musica por caridade. Escrever uma canção, gravá-la, produzi-la, lançá-la, tudo isso custa. Penso que algo já esta mudando, hoje se pode vender canções direto em cadeias como Best Buy e Wal-Mart.
Você participa de dois Reality Shows na TV, ‘Escola de Rock’(VH1) e ‘Uma Familia Jóia’ (Gene Simmons Family Jewels, exibida no canal A&E). Qual a conexão que vê entre a música e esse tipo de programa?
É tudo a mesma coisa. Quando você grava, você assina com uma companhia de discos, vai ao estúdio, produz, assina contratos de divulgação. Quando escreve um livro, assina com uma editora, vai a eventos de promoção, busca seus direitos autorais. A TV me contratou, e me paga por isso.
Ouvi dizer que você também joga Golf, como o Alice Cooper.
Não jogo nada. Não tenho hobbies. Ou melhor: tenho o melhor hobbie do mundo, que é ser Gene Simmons do KISS. É um hobby para o qual não tem regras. Eu nunca tenho de perguntar a alguém como devo me comportar ou o que fazer. Mesmo o papa tem de perguntar para alguém. Eu não tenho mestre nem patrão.